sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

Florbela no jardim de Évora

Florbela de pedra! É lá possível?! Pedra
a chama que se alteia, sobranceira, incorrupta?!
É lá possível?! Mudada em rocha bruta
inerte, sem calor, a Antígona, a Fedra?!

Para ela nada vale o mármore cuja alvura
o tempo mau corroi e muda em sujas gredas.
- Peguem fogo à charneca! Ateiem labaredas!
Vereis então surgir do seu perfil a altura!

No seu peito também cravaram sete espadas.
E rasgaram-lhe os pés as duras caminhadas
por caminhos hostis onde a erva não medra

Agora no jardim descansa a Peregrina.
Florbela de pedra! A Menina Traquina
que falhou na lição e foi chamada à pedra!...


Saúl Dias

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